sexta-feira, 24 de junho de 2016

as respiradas fundas da vida ou não

Quase 1 ano estagiando em uma clínica de psicologia, me deparo com os mal-estares da contemporaneidade (algum cara escreveu sobre isso). Dentre eles, depressão e ansiedade detonam nas paradas de sucesso dessa rádio que é a vida. 
Uma coisa interessante sobre a rádio: nela, você tem pouquíssimo controle do que está passando, de qual será a próxima música ou o próximo programa. Vejo que talvez por isso eu, por muito tempo, tenha optado pelo MP3 e agora, mais madura, tenha aprendido o valor da rádio. 
Mas sim, foco.
Não sei falar a respeito da depressão como ser que já passou por isso. O que posso dizer são dos níveis de serotonina que bla bla bla bla bla (e ainda sim posso estar falando errado e bem cruelmente). Porém o segundo mal eu conheço. Mesmo não tendo sido diagnosticada por nenhum psiquiatra, como boa hipocondríaca que sou, sei reconhecer meus níveis de ansiedade. 
Eu desde pequena tinha alguns medos: medo que meu pai morresse era o maior de todos eles, e ainda é até hoje. Ou então medo que algo acontecesse com ele. Já perdi a conta dos sonhos em que eu me jogava na frente de um carro ou de uma arma para salvá-lo. Bem romântico, porque sim. 
E essas coisas me angustiavam muito, sempre foi algo que me atormentou por muito tempo, e agora que eu conjurei este demônio, pretendo fazer um pacto com ele (um psicanalista muito gato me disse isso). 
Quando eu tinha uns 13 anos, por aí, eu desmaiei. Fiquei doente, etc e tal: desmaiei. Na porta do elevador, indo pra emergência com a minha mãe. E a sensação é tipo: morte. 
Fim de tudo, absolutamente tudo. É dormir pra sempre, sem sonhos. Fim. Que todos os pontos finais dos livros se encaixem nessa sensação. 
Mas aí, acordei maravilhosa, jogada no chão com umas 50 pessoas ao meu redor, minha mãe tipo "SÔNIAVEMCÁQUERAÍZADESMAIOURESPIRAFUNDOFILHAOLHAPRACIMAISSO". No caminho do hospital eu chorei bem baixinho, aquele episódio de fato tinha sido marcante pra mim.

(gente, eu to falando que só o carai e não to chegando onde eu quero chegar)


RESUMINDO, DESMAIAR PRA MIM É MORRER. 

Aí agora, qualquer sensação que eu tenha de poderquemsabetalvezumdia desmaiar faz com que eu entre em pânico, fique nervosa e... ansiosa. O medo de passar por aquela situação de novo me atravessa ferozmente na vida e isso tem me enchido o saco. 
Então estou fazendo um novo exercício: que eu desmaie então.

Funciona assim: 

- AIMEUDEUSEUVOUDESMAIARSOCORROEAGORA

-Ok, desmaie.

Eai to vendo se funciona.



Enfim, no final das contas eu só queria dizer que eu vi um vídeo de uma filósofa que dizia que nós não devemos fugir no sofrimento, nem trabalhar pra que ele diminua, muito pelo contrário. E aproveitar para integrar uma frase que eu inventei (só que não): "não se foge de algo que não está atrás de você".
Então acho que vai ser legal pegar um medo absurdo e fazer sexo com ele.